quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sabe a soul e cheira a funk




Dizem-se “portugueses de uma cidade chamada Lisboa, num continente chamado Europa, num planeta chamado Terra”. Querem criar um novo percurso dentro da música portuguesa e são uma lufada de ar fresco acompanhada de ritmos de jazz e hip hop. Os membros da banda portuguesa Orelha Negra conheceram-se ao longo das digressões de Sam The Kid por Portugal e o primeiro álbum da banda saiu para as ruas em 2010 com o mesmo nome. “Orelha negra” é baseado em sons do soul e funk dos anos 60 e 70 com ritmos de hip hop e sampling à mistura.
Em entrevista ao site www.bodyspace.pt, Fred Ferreira (dos Buraka Som Sistema) e o DJ Cruzfader explicaram que o curso das músicas não é planeado, é tudo feito de improviso, o que dá fluidez e continuidade às faixas do álbum, lembrando um pouco aqueles que fazem jazz. “Orelha negra” é o primeiro e único álbum conhecido da banda de nome homónimo. As músicas falam de amor, amizade, mágoa e de uma saudade muito portuguesa. Para o sampling, os membros optaram por escolher registos de que não se estaria à espera: a voz de Fernando Tordo ou do apresentador televisivo Júlio Isidro. “Memória” (a primeira música do álbum) é um manifesto que marca bem a mensagem dos Orelha Negra e, segundo Rafael Santos, crítico do site bodyspace, “é a esperança na
lembrança e no melhor que a alma tem para dar” ao mais exigente dos melómanos. Ainda na entrevista ao site de crítica musical, a banda disse apreciar a ideia de semi-anonimato por achar que “cria um distanciamento das pessoas e uma aproximação mais directa da música”. Para reforçarem esta ideia, os Orelha Negra decidiram usar a técnica de ‘sleeveface’ para a capa do disco de estreia: ninguém é quem na realidade lá está. O grupo criou mais de 80 esboços iniciais antes de escolher as 12 faixas que deram origem ao álbum. As músicas da banda de Sam The Kid, Fred Ferreira (Buraka Som Sistema), Francisco Rebelo, João Gomes (Cool Hipnoise) e DJ Cruzfader não têm um contexto ou tema específico, mas o ritmo está bem presente. Durante a entrevista, Fred Ferreira disse que embora seja complicado atrair público através de algo mais instrumental que vocal, o feedback tem sido bastante positivo, e a verdade é que o estilo e o ritmo próprio da banda já começam a ser identificados pelo público que está na linha da frente dos concertos de Verão. Rafael Santos diz ainda que o disco de estreia dos Orelha Negra é “mais que o mero desfile de pedaços de história captados pelo equipamento que revolucionou as técnicas de produção musical. Há uma dinâmica ‘live’ que reforça a missão do colectivo na divulgação da missiva”. Estamos de acordo. Perguntaram aos membros da banda o que fariam se tivessem de escolher entre só gravar discos ou só dar concertos. Resposta? Dizem que preferiam gravar um álbum ao vivo. Ainda que não seja gravado ao vivo, a banda de Sam The Kid e DJ Cruzfader já está a preparar o próximo disco, para dar a conhecer já este ano.

PUBLICADO NA EDIÇÃO DE 19 DE AGOSTO 2011 DO JORNAL PONTO FINAL

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