quarta-feira, 10 de março de 2010

Vista Panorâmica

Visualizem. Tiveram uma aula que dura até as 20h e ainda a semana vai a meio. Estão cansados porque acordaram cedo e já é de noite e ainda ali estiveram enfiados, com mais uns quantos que certamente partilham da vossa opinião e cansaço. Foi a meio dessa aula que comecei a imaginar. Visualizem. Acabou a aula e dirijo-me para o campo pequeno, a fim de apanhar o metro que me levará para o meu T1 com vista panorâmica para a grande cidade de Lisboa. Mal cheguei a casa e já sinto o calor e o tão típico cheiro a lareira. A fraca luminosidade do meu apartamento sugere um perfeito estado de calma e relax. Já sei o que vou fazer. Descalço-me e troco de roupa para o pijama. O frio que faz lá fora dá-me uma súbita vontade de beber um chá quente, com um aroma agradável, que me faça sentir que valeu a pena levantar-me da cama umas horas antes só para poder apreciar este momento. Corro as cortinas só até a meio, para deixar que as luzes da cidade se juntem a mim. A chaleira fez "click". Coloco uma saqueta de "Earl Grey" dentro de uma caneca e junto-lhe água e um pouco de açúcar amarelo. Sem quase me aperceber, passo alguns segundos a observar a difusão do conteúdo da saqueta, enquanto o CD da Diana Krall começa. É então que me dirijo para a sala e me sento no sofá bourdeaux de penas que se encontra virado de frente para a varanda. O meu corpo já está a começar a descomprimir e agora sim, posso pegar no meu livro, beber um golo de chá, enroscar-me numa manta e mergulhar no mundo da ficção, enquanto os carros e as pessoas se mexem velozmente lá fora. Para quê não sei, mas gosto de pensar que se movem por uma boa razão. Porquê? Porque tal como me sabe bem chegar a casa e aperceber-me que há realmente boas razões para me levantar cedo, gosto de pensar que aqueles apressados que se movem no frio da noite, também têm óptimas razões para acordarem cedo todas as manhãs.
Sabe tão bem sonhar, porque no fundo.. "tudo vale a pena quando a alma não é pequena".

10/03/2010