quarta-feira, 31 de outubro de 2012

E foste-te um dia, assim...

Há alturas da tua vida que são marcadas por acontecimentos inesperados, levando a consequências sem retorno, a momentos sem igual, a uma qualquer desgraça ou bênção de bradar aos céus. Queres um desses episódios intemporais? Vai atrás deles, percorre-os como se o Mundo fosse acabar amanhã e não penses no que virá a seguir. Não te acobardes dentro do teu próprio conformismo, não te deixes levar por aquilo que te sabe bem, porque um dia vais ser apunhalado por esse conforto, que fora tão bom, que fora tão apaziguante. Vais querer soltar as amarras, vais querer fugir e não aparecer mais, vais querer viver como nunca o havias feito na tua vida. Viveste morto, isso sim. Agora renasceste e sabes que nada é eterno, sabes que o Mundo é teu e tens o poder nas mãos. Não morras antes de viver por favor. As epifanias são coisas raras e teres uma exige que a sigas. A segurança parece ser a maior das armas contra a monotonia, mas na verdade, é o seu principal componente. Leva gozo a viver a vida, não aches que chegar a casa e teres jantar feito é a melhor coisa que te aconteceu no dia. Desafia-te a ti e aos outros. Não sejas mole, não te deixes amolecer por favor. Suplico-te que não. Ganhaste a hipótese de viver outra vez. Não te mates entre lençóis lavados, 'boa noites' sussurrados todas as noites e pequeno almoços levados à cama.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Só mais muitas vezes, por favor

Faz isso só mais ... Muitas vezes, por favor. Beija-me outra vez, ama-me outra vez, cozinha para mim. Outra e outra vez, faz tudo vezes sem fim. Suplico-me que fiques comigo para sempre. Não, mas não quero que fiques comigo por pena, isso é que não. Mete-me nojo que tenhas pena de mim, pena que eu me desfaça em cacos no momento em que te vir sair daquela porta. O sofrimento é uma coisa curiosa, sabias? Só sofres até te lembrares de qual é a razão. Um dia vais acordar e questionar a verdadeira razão de tanto choro, de tanta depressão, de tantos quartinhos escuros nessa tua mente decadente. Sim, toda a tua pessoa é decadente e isso causa-me repulsa. Odeio pessoas como tu, que olham para os outros como pequenos projectos de melhoramento. Como se alguma vez me pudesses melhorar! Sabes bem que sou melhor do que tu e sabes ainda melhor que é por isso que queres virar costas. És demasiado cobarde para admitir que queres ficar, que precisas disto para ser feliz. Não, não me estás a entender bem. Eu não quero que a tua felicidade precise de mim para ser uma só. Eu quero que tu sejas feliz. Sê feliz. Vira as costas e vai-te embora, não quero que tenhas pena de mim. Metes-me nojo, amor da minha vida.

Abstraccionismo da solidão

Nunca sabes aquilo que a vida te propõe. Vais andando até morreres sem saberes muito bem o que estás a fazer e tentar acomodar-te, mas não consegues. Tudo o que tem que ser, será um dia. Mas tu sabes que não é bem assim. Sabes que perdeste quem mais te amou porque desvalorizaste o valor que te atribuíram e agora já é tarde demais. Sabes que amaste mais do que achavas possível, mas perdeste tudo isso para uma juventude de desvairos impensáveis e lógicas desconstruídas. Nunca soubeste muito bem a quem te agarrar, ao que te agarrar, mas foste percebendo que nem tudo é passível de ser agarrado. Muitas vezes vive-se melhor sozinho, pensas tu todas as noites, quando te tentas convencer que uma casa vazia é melhor do que uma cheia. Em que pensas tu todas as noites? 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Atenção: Isto não é um texto de ficção

Casa dos Segredos é um dos temas mais badalados da actualidade em Portugal. É uma pena e isso todos nós sabemos (incluindo aqueles que vêem, que é algo imperceptível para a minha pessoa). O que não sabíamos é que a Casa devia realmente ter mais concorrentes enfiados lá dentro, porque era menos espaço físico português que era ocupado pelas criaturas mais idiotas e insignificantes à face da terra. Dizem que os norte-americanos são burros? Apenas posso então concluir que os portugueses querem tentar igualar-se, superar essa 'idiotice crónica' de que tanto acusam o povo dos Estados Unidos. 
Bem, se até aqui não disse nada que contribuísse para a vossa felicidade, então parem de ler porque não vai decerto melhorar. O que a TVI está a criar é sim, uma problema social crónico, ao permitir que personagens cujos nomes são pouco pronunciáveis, se pavoneiem em frente das câmaras e se tornem conhecidas caras do povo português. Revolta-me saber que as audiências desse 'programa' foram altíssimas e revolta-me ainda mais saber que houve mais candidaturas para o mesmo, do que para o ensino superior neste ano de 2012. Mas mais do que isto, revolta-me saber que existem palhacinhos ainda mais disfarçados a conduzirem e a andarem pelas ruas de Lisboa e arredores todos os dias. Ou começam a aceitar mais pessoas dentro da Casa dos Segredos, ou eu deixo de sair de casa porque não me sinto segura a andar na rua ao lado de verdadeiras personagens. 
Passava pouco das nove da manhã e o céu estava nublado e o ar altamente húmido. Deixei-me ir pelo mesmo caminho que sigo todos os dias para o trabalho e eis senão quando surge um carro escuro que ia passar ao meu lado esquerdo. Graças a um outro aspirante a habitante com segredos, fiquei sem capa de retrovisor esquerdo e acabei por nunca mandar arranjar, já que ainda servia perfeitamente o seu propósito. Voltemos ao meu trajecto da manhã. Ora pois que a dita condutora bate violentamente naquilo que restava do meu retrovisor. Ao assistir de perto ao acontecimento, apitei durante um tempo considerável, até que se decidiram a dar a cara. Para meu espanto, aquilo que saiu da boca daquela senhora extremamente educada e bem formada, foi "Devia ter ido mais chegada à direita", ao que eu respondo que realmente era impossível, pois incorreria no risco de atropelar os transeuntes que normalmente passam por aquele troço de estrada. Qual não foi o meu espanto quando de seguida ouço: "É melhor seguirmos os nossos caminhos, senão vou ter que me chatear". 

Equipa de produção da Casa dos Segredos, por favor, peço-te encarecidamente que aceites esta ilustre personagem no teu programa porque eu tenho medo, muito medo que a mesma doença crónica (a estupidez, para quem não percebeu) afecte os restante moradores daquela localidade. 

Obrigada!

domingo, 7 de outubro de 2012

Sem título. Sem rumo.

Conheci alguém que me fez esboçar um sorriso. Depois cresci e parece que perdi essa pessoa entre o trânsito do crescimento, entre as colinas da desilusão. Perdi-te para alguém mais forte, mais capaz, mais adulto, mais qualquer coisa. Atrevo-me até, a dizer que te perdi com o crescimento. Depois de ti, só saudade, só mágoa, só um intenso ardor interior que me faz querer voltar a ser criança, a andar naquele baloiço de madeira velha. Só mais uma vez, faz-me sorrir mais uma vez. Por favor faz para eu poder continuar a morrer. A crescer, quero dizer.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Obrigada

Esbarraste contra mim em mais uma noite de bebedeiras imensuráveis e adolescências muito perdidas pelo aproveitamento daquilo que julgamos serem experiências inesquecíveis. Mesmo a cinco anos de distância, conseguiste encontrar-me e insististe. Nunca desististe de me conhecer, de saber quem eu era, como me comportava, como reagia. Tudo acontece com uma naturalidade na qual eu não me revia. Percebi que não te entrava na cabeça, não mexia mesmo contigo. Tu não me interiorizavas. E sabes que mais? Ainda bem, porque a marca que deixaste sarou rápido, se é que alguma vez deixou ferida. Talvez tenhas sido importante, ou não. Prefiro pensar que sim, mas não coloco de lado o facto de teres sido apenas mais uma pessoa que passou e não marcou. Eu quis que marcasses, mas tu tinhas que chegar e estragar tudo de tal forma, que deixaste de ser quem eras, deixei de te ver como quem sempre foste e passaste a ser um outro alguém, desconhecido, distante, despegado. De qualquer maneira queria agradecer o esforço inicial, a vontade demarcada de um encontro marcante. Desculpa se te desiludi, se não te marquei como querias, se embarcaste numa aventura para um rumo que nunca quiseste que fosse o teu. Só quis fazer-te feliz como tu prometeste tentar fazer-me.

Obrigada de qualquer maneira, há sempre o início para recordar.

Obrigada.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Precedências

Diz-me para onde queres ir e eu levo-te, só não me deixes aqui ao frio sem saber porque desapareceste. Um dia segui-te, pus-me em biquinhos de pés e olhei-te nos olhos. Congelaste a tua expressão, o teu olhar, cerraste os lábios. Fizeste de conta que eram a expressão, os olhos e a boca de uma qualquer outra pessoa. E sabes que mais? Eu não sei porquê. Todos os acontecimentos costumam ser consequências de outras situações que se precedem umas às outras, mas tu não tens razão, não tens consequência nem precedência. És apenas assim. Insano da cabeça aos pés sempre foste, mas agora ficaste-te pelo caminho em direcção à perdição total. Não fiques triste, ainda fui a tempo de resgatar a perfeição que deixaste para trás. 

Monopoly

Andamos todos no jogo da incerteza. Todos os dias lançamos o dado e todos os dias perdermos, recuamos casas e casa a perder de vista. Já quase no fundo do tabuleiro, lançamos o dado novamente. Andamos três casas para a frente. E dez para trás novamente. Jogamos todos num beco sem saída e ficamos cansados sempre que pensamos qual vai ser o resultado. Eu já sei, eles já sabem. Todos vamos perder. A saturação é um estado eminente, se não é já constante. Tudo aborrece a alma humana. Nós já não somos almas humanas porque já nos aborrecemos demais. 

Eu só queria poder saber que tudo tem uma razão de ser, mas o beco sem saída tira-me a esperança de um rumo a seguir.