quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Homem da Máquina

São oito horas da noite. O trânsito faz-se com dificuldade na estrada à minha frente, enquanto espero pela boleia para casa. As luzes que alumiam as lojas ainda abertas, encandeiam-me os olhos. Estou cansada e continuo à espera da minha boleia. Entre todas as coisas que me passam pela cabeça, a que mais se faz anunciar é a fome. Tenho fome e quero ir para casa. É ali, mesmo em frente ao banco BCM, que o mesmo senhor pequenino e de cabelo já branco, recolhe lixo, em forma de caixas e caixas de cartão. Todos os dias da semana, falhando a hora sempre só por uns minutos. Hoje vi o senhor. Como sempre. Em frente ao BCM. Mas hoje foi diferente. Lá ia ele a caminho da porta com uma imensa panóplia de caixas e é quando se detém em frente de uma loja de produtos de electrónica. Foi aí que reparei em algo pela primeira vez. O sonho e a vontade de ter uma coisa, a transparecer pelos olhos. E acreditem que não era um olhar ambicioso, mas sim um olhar tão puro e sonhador que me fez esboçar um sorriso. Aquele homem chinês com um ar tão humilde estava a olhar para uma máquina fotográfica digital. Ele deteve-se na montra por causa da máquina. Hoje em dia é raro e único vermos alguém fascinar-se tanto com uma coisa como aquele homem. Provavelmente mais único ainda, só mesmo o meu sorriso... Um sorriso dificil de atingir àquela hora do dia. Tinha fome. Queria chegar a casa. Mas vi um senhor a olhar para uma montra e fiquei feliz.

1 comentário:

  1. E depois... Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min Min.

    ResponderEliminar