"Ahh também és de Macau? Então deves conhecer aquele gajo..."
Na teoria, sou de macau, mas vivo em Portugal faz anos. Em conversa com o meu primo e mais duas amigas aqui da terra, chegámos à conclusão que de que quem viveu - e mesmo aqueles que só por cá passaram - em Macau, mesmo que se conheçam à coisa de uma semana e picos, são todos muito amigos. Digo isto por experiência própria, porque já não consigo contar pelos dedos a quantidade de gente que digo "sim sim, é meu amigo, conheci-o em Macau!" quando no fundo, não vivo aqui desde os oito anos e contam-se pelos dedos os amigos de infância.
Mas há sempre dois lados numa mesma moeda: acontece dizermos que conhecemos toda a gente, mas se chegarmos a Macau e ninguém nos conhecer, somos logo estranhos... e não nos entranhamos. Existe um lobby em Macau, lobby esse que abre portas para um número quase infinito de possibilidades em todas as áreas de estudo e talvez até nas que não se estudam. Mas infelizmente, a moeda continua a ter dois lados: Se agradarmos ao lobby, então estamos safos, se X torcer o nariz à nossa presença, então somos capazes de não ser bem vindos por mais nenhuma letra do abecedário.
Letras à parte, é importante dizer que Macau é um sítio pequeno, onde todos nos conhecemos.. um pouco como numa pequena aldeia. Com uma pequena grande diferença: Se viermos de Vila-Nova-Atrás-do-Sol-Posto, é improvável que nos cruzemos com algum compatriota em Lisboa. Já de Macau, encontro-os por aí aos pontapés.. seja a tirar curso no técnico de lisboa, a jogar na equipa de rugby do CDUL ou a deambular pelo bairro alto. Eles andam aí e a verdade é que se nos der na gana encetar conversa com 'macaenses', a coisa vai sempre parar a "epá pois, realmente a amiga de um amigo meu que ainda lá vive disse-me que aquilo tá diferente e que o gajo que tocava na banda naquele bar ainda lá está, mas a tocar num sítio completamente diferente!" E sabem qual é a melhor parte disto tudo? É que as hipóteses de sabermos de quem se está a falar são algo remotas, mas a conversa pode perdurar pela noite dentro pelo simples tema que se aborda: Macau.
Há uma coisa a filtrar neste texto: O pessoal de Macau anda por todo o lado e conhece toda a gente. Mesmo que não saibamos de quem se está a falar. Bem, a verdade é que este texto também não fala de ninguém nem é suposto, porque o que aqui se escreve é Macau e não são pessoas.
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