sábado, 9 de junho de 2012

Boa noite, até nunca.

"Já gostaste de alguém como gostas de mim?"
"Gostar é uma coisa relativa."
"Será que gostar de alguém é apenas válido quando é recíproco?"
"Claro que não. Tu gostas de mim e eu não gosto de ti."
"E achas que alguma vez vais gostar?"
"Não".

Desligaram a televisão que já só estava a emitir um qualquer ruído de fundo ensurdecedor, dobraram a primeira esquina do corredor e depois a segunda. Dentes lavados e pijamas vestidos.

"Boa noite, até amanhã".
"Dorme bem, se precisares de alguma coisa, acorda-me".

A porta fechou-se atrás de si e ele ligou a televisão de novo no canal das televendas. A noite quase se tornava dia lá fora. Ele só queria que ela adormecesse para não se preocupar. Acabou por adormecer antes que algum outro pensamento lhe passasse pela mente. O dia seguinte ia ser melhor, ia sempre ser melhor. Nunca era e o silêncio tomava o lugar da aliança de um casamento festejado para sempre.

E já lá vão três anos de portas a fecharem-se atrás dele e de noites passadas sozinha numa enorme cama de casal. E já lá vão três anos de vidas separadas num mesmo apartamento.

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