segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Criação de novo partido em 2012

"Duzentos militantes do Bloco de Esquerda vão abandonar o partido e prometem formar uma nova força política", adiantou a RTP Informação no passado domingo. Ao ser entrevistado, Gil Garcia, o líder do movimento, mostrou-se insatisfeito com as políticas internas do BE, mais especificamente de Francisco Louçã.
Para ser sincera, nem sei bem que reacção tive enquanto assistia à entrevista, pareceu-me surreal demais. Primeiro, porque acho que os bloquistas já estavam um pouco mais à frente, no que toca a credibilidade política (até já tinham representatividade parlamentar!) do que estavam há uns anos, e depois, porque não sei muito bem onde é que Gil Garcia quer chegar com esta ruptura interna. Justificava-se se estivéssemos a falar do PS, que tem mostrado ter das mais variadas linhas de pensamento, dependendo da pessoa; mas com o BE não se percebe. A bem da verdade, nunca foi um partido que alguém alguma vez esperasse ver a dirigir o país, mas lá tinham os seus ideias bem demarcados e sempre me alegrava ver que não mudavam a sua posição, independentemente de mudanças a si exteriores (não, calma... Isso é o PC). Louçã foi acusado por Garcia de ter apoiado Manuel Alegre nas últimas eleições presidenciais, mas então, quem se esperaria que ele apoiasse? Ninguém? Bem, na verdade é mesmo isso que o líder do movimento Ruptura/FER desejava, que o BE se tornasse num Partido Comunista, só que com pessoas mais novas na liderança. 
Agora pensemos no que pode nascer a partir da mente deste idealista tão ferrenho. Será que vai avante com as suas teorias e acaba por conseguir mais do que Louçã conseguiu em anos de luta pelo mínimo de credibilidade dentro da esfera política séria (ou não) em Portugal? Não estou aqui a tomar partidos e a denunciar as minhas escolhas políticas pessoais, apenas a tentar descobrir alguma lógica e coesão no plano de Gil Garcia para 2012. 
'Acusando' Louçã de ter apoiado o socialista nas presidenciais, pouco faltou para que Garcia o chamasse de vendido, mas é um facto que as coligações devem ser bem escolhidas e na minha opinião, isso é uma das principais lacunas no sistema político português. Ainda que todos tenham vontade de fazer como na primária e mandar a chanceler alemã encostar-se à parede de costas voltadas e só voltar para a mesa quando se aperceber das barbaridades que tem feito, a verdade é que na Alemanha, existem fusões partidárias que seriam completamente impensáveis em Portugal. Quase todos os partidos têm representatividade parlamentar e no que toca a governar, quase todos opinam e votam sobre leis e acordos a fazer. 
Um dos principais problemas de Portugal é precisamente termos um sistema pluralista polarizado. Pondo isto por miúdos, quer dizer que temos sempre os mesmos partidos no poder e a escolha nunca diverge muito de um para o outro. Na prática, ambos têm aquilo a que chamamos ideais de 'centro-direita'. Outra das características deste sistema, é a não concordância constante entre os membros das assembleias e do parlamento. Nessas situações, o que conta são os partidos a que pertencem e as rivalidades que existem e nunca são as ideias e propostas que têm. Neste país, não está contra ou a favor de ideias, está-se contra e a favor de pessoas.
Num Portugal ideal, as propostas colocavam-se numa balança e todos os partidos decidiriam de acordo com os prós e contras da proposta, e não de acordo com quem a fez. 
Outras das questões feita pela jornalista que entrevistou o líder da FER, incidiu sobre possíveis coligações poderiam ser feitas com suposto novo partido a formar. Garcia respondeu 'PCP' e eu pergunto-me que frutos dará essa fusão. Uma das respostas mais realistas será 'Nenhuma', tendo em conta a estagnação em que os comunistas se encontram. Ainda que os militantes e apoiantes do PC tenham a função de equilibrar a balança de votações nas eleições, continua a parecer-me uma péssima escolha por parte de Garcia, mas ideais são ideais e ao menos alguns continuam a segui-los à risca... E talvez até demais.
Hoje em dia, em vez se pensar nos partidos e nos deputados por ideias e teorias, começou a pensar-se em termos dos 'mais corruptos para os menos corruptos'. E assim se faz política em Portugal.

Esperemos para ver no que resulta esta divisão do Bloco de Esquerda e em 2012 teremos então mais um partido político à mistura.

Sem comentários:

Enviar um comentário