quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vamos brincar às políticas em Portugal

Ás vezes questiono-me sobre quanto da língua portuguesa os dirigentes de determinado partido sabem. Na minha modéstia de pessoa interessada pelo vocabulário português e com aquilo que é possível fazer com ele, acho que certas coisas começa a cair no ridículo. Esse tal partido tem um novo cartaz que diz o seguinte: "A Troika manda ROUBAR AO POVO E DAR AOS BANQUEIROS". E agora pergunto se saberão o que quer dizer roubar. A liberdade de expressão é um dos pontos vitais para o funcionamento de uma democracia, mas então também é preciso que as pessoas ganhem noções e deixem de 'expressar' tudo o que lhes vai na cabeça, porque liberdade de expressão é apenas o meio utilizado para a troca de conhecimentos, ideias e fazer com que se tomem decisões através do debate e da discussão. Bem, isto então para explicar que começa a ser realmente inacreditável continuar a ver posters e cartazes com frases de apoio a uma coisa que nem sequer consegue existir, dadas as circunstâncias económicas.
Outras vezes, ponho-me só a pensar "será que pensam ser possível implementar os seus ideais?" Sei que a diversidade partidária é um factor positivo, mas a pluralidade polarizada não o é.
Este último palavrão é a definição daquilo que melhor caracteriza a política portuguesa. Em Portugal, se  X e Y são rivais, nunca será mantido um acordo ou qualquer tipo de parcerias políticas, pois o que conta é quem manda e não o que essas mesmas pessoas propõem e fazem. Aqui, não há possibilidade de coligações entre Bloco de Esquerda e PSD ou PS, mas curiosamente, é com esse mesmo tipo de coligações que funcionam muitos dos governos europeus. É realmente impossível adorar todas as medidas de austeridade impostas pelo actual governo. Mas por outro lado, não percebo muito bem porque é que existe esta necessidade de resmunguice e de constante desacordo entre os partidos políticos de Portugal. Esta pluralidade polarizada tem muito que se lhe diga, mas só se percebe bem lendo um famoso livrinho do Hallin e do Mancini, que vem desafiar a conhecida teoria dos seus antecessores. Os autores fazem um estudo comparativo - considerado um dos melhores na área - sobre essa dita pluralidade e como as coligações e entendimentos resultam bastante melhor do que a luta de um ideal utópica sob a forma de discórdia constante. 

Abaixo, deixo-vos então o tão politicamente correcto cartaz do tão conhecedor da epistemologia das palavras Bloco de Esquerda e acaba a chamar ladrões a pessoas que de momento, controlam as finanças de Portugal. Na verdade, tudo isto se parece muito com jogos de tabuleiros, daqueles que entretém e em que existem aliança e inimigos e lutas pelo poder. E assim se faz política em Portugal.



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